Existem no mercado várias opções e metodologias para aplicação de conteúdos de treinamentos para o desenvolvimento do capital humano nas organizações. Mas qual realmente é a mais eficiente?
As empresas investem numerários e tempo, muitos em modismos de técnicas que se auto-intitulam inovadoras. O empresariado e seus gestores, incluam-se gestores do RH Estratégico, devem principalmente atentar-se ao retorno do investimento, conhecido como ROI. Este retorno deve, necessariamente, ser mensurável e avaliado constantemente, e não apenas avaliado logo após o término de um treinamento ou palestra, onde são avaliados o ambiente, o palestrante ou instrutor, meios de comunicação e, em muitas vezes, até mesmo o coffee break servido, esquecendo o mais importante, e até óbvio: o quanto este investimento trará de resultados para a organização a médio e longo prazo. E como medi-lo?
O treinamento deve ser visto como investimento, ou seja, com rentabilidade. O retorno deve ser mensurável, medido com aumento de resultados, aumento de produtividade por profissional e global, diminuição de custos, comprometimento de funcionários, melhorias em processos e produtos. Apesar dos dirigentes e seus RHs serem cientes disto, muitas organizações não usam, ou não sabem usar, ferramentas para avaliar os resultados obtidos a médio e longo prazo, consequentemente não sabem se o investimento é rentável.
De acordo com pesquisa realizada pela Motorola University, dependendo do treinamento ser passivo ou ativo, o aproveitamento do conteúdo não passa de 5%, onde o participante assiste a palestras num ato de passividade, ao passo que pode chegar até 85% quando há participação ativa no programa de treinamento.
Fonte: Motorola University – Copyright 2002
Neste último pode-se incluir o treinamento denominado vivencial. Este é caracterizado por fazer o participante desenvolver o seu “CHA” – Competências, Habilidades e Atitudes – durante a participação desta categoria de treinamento. Consequentemente a absorção do conteúdo do programa é imediata, através de vivências e das sensações. Esta vivência é comparada à praticada no dia a dia na organização ou equipe, mostrando todas suas possibilidades.
O treinamento vivencial se insere no campo de ativos por fazer seus participantes colocarem a “mão na massa” com atividades racionais, praticando ativamente o programa proposto (75% de aproveitamento).
O objetivo fundamental do treinamento vivencial é fazer o participante vivenciar e degustar sensações evidenciadas em novas e futuras necessidades empresariais ou no desenvolvimento de competências.
As atividades não devem visar transformar as pessoas em super-homens com sofredoras tarefas de “sobrevivência na selva” e nem criar situações para expor seus participantes ao ridículo. Não podem ser apenas atividades emocionais: “diversão” com diversas brincadeiras e dinâmicas sem qualquer planejamento.
Devem ser atividades de equipe que mostrem as possibilidades do grupo, não apenas de vivenciar (conseguir fazer = 75% de aproveitamento, conforme Motorola), mas também com discussões em grupo (reforço de mais 50% no aproveitamento) e comparativamente, sentir que se aplicam a rotina de qualquer pessoa normal. Afinal, as empresas especiais são feitas e funcionam com pessoas normais, apenas mais motivadas e comprometidas (apenas isso!).
A vivência das atividades em equipe mostra que não somos ilhas de atividades, mas participantes e importantes engrenagens no funcionamento da empresa. Assim vivenciamos a relação e dependência de clientes e fornecedores (ambos internos e externos) que somos na empresa e no mercado (concorrência). Aprendemos que o nosso papel não é apenas no local de trabalho, mas repercute no cliente final, em forma de resultados com melhores serviços e preços.
O treinamento vivencial propicia também melhores resultados por explorar a pró-atividade e a criatividade de seus participantes, ou seja, explora suas próprias iniciativas e descobertas, e não as “verdades“ colocadas por experts e que não lhes dizem nada.
Esta categoria de treinamento, como toda atividade dentro de uma organização, precisa ser planejado com responsabilidade, objetivos bem definidos e alinhados com os da empresa – missão, valores, objetivos e estratégias.
O treinamento vivencial tem necessariamente que possuir atividades racionais, e não emocionais, que realmente propiciem vivenciar situações que possam ser comparadas ao dia a dia das atividades deste indivíduo nas organizações, nos procedimentos e processos onde se quer dar ênfase ou modificar para obter melhorias e resultados.
Esta categoria de treinamento pode também ser usado para lançamento de novos desafios, programas ou mudanças na organização, já que propicia viver antecipadamente estas novas e futuras experiências. Os desafios são, sempre, um grande fator motivador. E quem não se motiva ante os novos desafios?
Devemos lembrar que o empresário que investe neste, ou qualquer outra categoria de treinamento, tem um único objetivo: aumentar a qualidade e produtividade de sua organização através do seu maior capital – o Capital Humano, para vencer no mercado.
Autor: Sergio Eduardo Cunha, consultor, palestrante e mentor. Palestrante citado como referência em faculdades pelo Brasil. Executivo da MindWay Inteligência Empresarial®.